A cidade.
A fábrica de loucos.
Em operação 24 horas por dia, 7 dias por semana, inclusive aos sábados, domingos e feriados.
domingo, 29 de dezembro de 2019
sexta-feira, 27 de dezembro de 2019
Samir não vive. Samir arrasta-se pela vida.
Desde que se fez adulto, após a época colegial, Samir sente que a vida ficou estranha. Ele sente que só teve empregos ruins, que só ganhou salários ruins, que só morou em casas ruins, em cidades ruins. E, ainda por cima, carrega a culpa de sentir que sua vida não é pior do que a da maioria das pessoas. Talvez seja até melhor.
Então, o que é essa insatisfação que não cessa? Fraqueza perante as vicissitudes da vida? "Sim... deve ser isso" - ele pensa frequentemente - "sou tão fraco... tão ridículo..."
Decepção é a palavra que define sua vida.
Desde que se fez adulto, após a época colegial, Samir sente que a vida ficou estranha. Ele sente que só teve empregos ruins, que só ganhou salários ruins, que só morou em casas ruins, em cidades ruins. E, ainda por cima, carrega a culpa de sentir que sua vida não é pior do que a da maioria das pessoas. Talvez seja até melhor.
Então, o que é essa insatisfação que não cessa? Fraqueza perante as vicissitudes da vida? "Sim... deve ser isso" - ele pensa frequentemente - "sou tão fraco... tão ridículo..."
Decepção é a palavra que define sua vida.
terça-feira, 24 de dezembro de 2019
Agora há pouco estive lendo sobre a polêmica existente em alguns países ocidentais sobre o uso das expressões de felicitações típicas desta época.
Basicamente, trata-se da substituição de expressões que fazem menção ao Natal - uma festa essencialmente religiosa - por outra mais "neutra" ideologicamente, com a intenção de adequar o cumprimento ao pensamento "politicamente correto".
Assim, Feliz Natal é por vezes substituído por Boas Festas, Feliz Navidad por Felices Fiestas, Merry Christmas por Happy Holidays, etc.
Tenho duas impressões sobre o assunto:
Primeira: parece que hoje em dia tudo é combustível para polêmicas.
Segunda: desejar a alguém uma feliz passagem por um feriado religioso não me parece ofensivo. E digo isso como um não cristão.
E se alguém alegar que se trata de uma questão de respeito com os não cristãos, é preciso lembrar que sem essa celebração não haveria o feriado e tampouco as tais Festas.
Basicamente, trata-se da substituição de expressões que fazem menção ao Natal - uma festa essencialmente religiosa - por outra mais "neutra" ideologicamente, com a intenção de adequar o cumprimento ao pensamento "politicamente correto".
Assim, Feliz Natal é por vezes substituído por Boas Festas, Feliz Navidad por Felices Fiestas, Merry Christmas por Happy Holidays, etc.
Tenho duas impressões sobre o assunto:
Primeira: parece que hoje em dia tudo é combustível para polêmicas.
Segunda: desejar a alguém uma feliz passagem por um feriado religioso não me parece ofensivo. E digo isso como um não cristão.
E se alguém alegar que se trata de uma questão de respeito com os não cristãos, é preciso lembrar que sem essa celebração não haveria o feriado e tampouco as tais Festas.
Agora, após algumas décadas, agradeço à Vida por nunca ter pegado leve comigo, porque assim me dispensou da obrigação de pegar leve com ela.
Só agora percebo a dádiva de uma existência desprovida da gentileza da Vida, essa senhora tão grosseira, amarga e infame, que se deleita em arrastar-nos à miséria em todas as suas versões.
Só agora percebo a dádiva de uma existência desprovida da gentileza da Vida, essa senhora tão grosseira, amarga e infame, que se deleita em arrastar-nos à miséria em todas as suas versões.
quarta-feira, 11 de dezembro de 2019
Quando o apito da fábrica de tecidos
Vem ferir os meus ouvidos
Eu me lembro de você;
Mas você anda
Sem dúvida bem zangada
E está interessada
Em fingir que não me vê.
Você que atende ao apito
De uma chaminé de barro,
Por que não atende ao grito tão aflito
Da buzina do meu carro?
Você no inverno
Sem meias vai pro trabalho,
Não faz fé com agasalho,
Nem no frio você crê.
Mas você é mesmo
Artigo que não se imita;
Quando a fábrica apita
Faz reclame de você.
Sou do sereno
Poeta muito soturno,
Vou virar guarda noturno
E você sabe por quê.
Mas você não sabe
Que enquanto você faz pano
Faço junto do piano
Estes versos pra você.
Nos meus olhos você vê
Que eu sofro cruelmente
Com ciúmes do gerente impertinente
Que dá ordens a você.
Três Apitos, de Noel Rosa.
Aos 109 anos de nascimento do Poeta da Vila Isabel.
terça-feira, 3 de dezembro de 2019
quarta-feira, 13 de novembro de 2019
Em 1950, cinco anos após a criação das Nações Unidas, a população mundial era estimada em cerca de 2,6 bilhões de pessoas. De acordo com estimativas da ONU, a população mundial chegou a 5 bilhões em 11 de julho de 1987, e atingiu a marca de 6 bilhões de pessoas em 12 de outubro de 1999. Agora, 10 anos depois, ela é estimada em aproximadamente 7 bilhões.
Fonte: https://nacoesunidas.org/acao/populacao-mundial/
Fonte: https://www.un.org/en/sections/issues-depth/population/index.html
O texto acima foi divulgado pela ONU em 2009.
Neste momento, a população humana mundial é estimada em 7.743.575.778 indivíduos.
Fonte: https://www.worldometers.info/br/
Não há uma solução pacífica para o problema da superpopulação humana na Terra que não passe pelo controle compulsório da natalidade.
Infelizmente, em um mundo governado por políticos e não por cientistas, essa medida só será adotada quando os estragos forem enormes e irreversíveis.
Quando falo em estragos, não me refiro apenas aos prejuízos para a humanidade. Nós não somos donos da Terra; apenas vivemos aqui, como muitas outras espécies de seres vivos que se mantêm em equilíbrio mas estão pagando pelo nosso descontrole populacional.
Ainda, quando falo na necessidade de um controle compulsório da natalidade, não estou sugerindo medidas antiéticas como o aborto, nem mesmo a esterilização involuntária. Apenas sou a favor da implantação de uma política global do filho único: cada mulher só poderia ter um filho; o descumprimento desta norma levaria a multas progressivas e até à imposição da pena de trabalhos comunitários (as penalidades, obviamente, atingiriam ambos os genitores).
A medida poderia ser relaxada (com a possibilidade de dois filhos por mulher, e até mais) após algumas gerações, quando a população diminuísse suficientemente (para um bilhão de indivíduos, ou meio bilhão, etc.), de acordo com uma meta internacional.
Fonte: https://nacoesunidas.org/acao/populacao-mundial/
Fonte: https://www.un.org/en/sections/issues-depth/population/index.html
O texto acima foi divulgado pela ONU em 2009.
Neste momento, a população humana mundial é estimada em 7.743.575.778 indivíduos.
Fonte: https://www.worldometers.info/br/
Não há uma solução pacífica para o problema da superpopulação humana na Terra que não passe pelo controle compulsório da natalidade.
Infelizmente, em um mundo governado por políticos e não por cientistas, essa medida só será adotada quando os estragos forem enormes e irreversíveis.
Quando falo em estragos, não me refiro apenas aos prejuízos para a humanidade. Nós não somos donos da Terra; apenas vivemos aqui, como muitas outras espécies de seres vivos que se mantêm em equilíbrio mas estão pagando pelo nosso descontrole populacional.
Ainda, quando falo na necessidade de um controle compulsório da natalidade, não estou sugerindo medidas antiéticas como o aborto, nem mesmo a esterilização involuntária. Apenas sou a favor da implantação de uma política global do filho único: cada mulher só poderia ter um filho; o descumprimento desta norma levaria a multas progressivas e até à imposição da pena de trabalhos comunitários (as penalidades, obviamente, atingiriam ambos os genitores).
A medida poderia ser relaxada (com a possibilidade de dois filhos por mulher, e até mais) após algumas gerações, quando a população diminuísse suficientemente (para um bilhão de indivíduos, ou meio bilhão, etc.), de acordo com uma meta internacional.
domingo, 20 de outubro de 2019
Um antropólogo propôs uma brincadeira para algumas crianças de uma tribo africana.
Colocou um cesto de frutas perto de uma árvore e falou que quem chegasse primeiro ficaria com elas. Quando ele deu o sinal, todas as crianças deram as mãos e correram juntas. Chegando ao cesto elas sentaram e compartilharam as frutas entre si.
Quando ele lhes perguntou por que quiseram correr todas juntas quando uma apenas poderia vencer e ficar com todo o prêmio, elas responderam:
- Ubuntu, tio. Como um de nós poderia ficar feliz se todos os outros estivessem tristes?
"Ubuntu" é uma palavra das línguas zulu e xhosa que representa um conceito filosófico que simboliza uma consciência profunda de coletividade, de respeito aos outros membros da comunidade; é o antônimo de egoísmo, de egocentrismo.
Colocou um cesto de frutas perto de uma árvore e falou que quem chegasse primeiro ficaria com elas. Quando ele deu o sinal, todas as crianças deram as mãos e correram juntas. Chegando ao cesto elas sentaram e compartilharam as frutas entre si.
Quando ele lhes perguntou por que quiseram correr todas juntas quando uma apenas poderia vencer e ficar com todo o prêmio, elas responderam:
- Ubuntu, tio. Como um de nós poderia ficar feliz se todos os outros estivessem tristes?
"Ubuntu" é uma palavra das línguas zulu e xhosa que representa um conceito filosófico que simboliza uma consciência profunda de coletividade, de respeito aos outros membros da comunidade; é o antônimo de egoísmo, de egocentrismo.
terça-feira, 15 de outubro de 2019
Samir foi criado nas crenças de seus pais e avós; a descrença ele adquiriu quando adulto.
Certa manhã, na casa de chá da medina, Samir viu entrar Khalil Al Naim, o Budista. Como costumava acontecer, um ou dois frequentadores lançaram um olhar de reprovação contra Khalil, que se sentou na mesa ao lado e pediu um chá gelado. Os homens não demoraram a se levantar e deixar a casa.
Quem não conhecia Khalil pensaria tratar-se de outro homem muçulmano qualquer, com roupas comuns, barba crescida e cabelos medianos. Mas na comunidade ele era conhecido como "o apóstata Khalil, adorador do deus Buddha".
Depois de alguns minutos ele percebeu que Samir, sentado à uma mesa próxima, o olhava meio incomodado.
- O que foi, homem? Se quer falar algo, fale! - disse Khalil.
- Não... Desculpe, Khalil. Eu só estava pensando por que às vezes quando você vem aqui, ou quando anda pela medina, alguém o destrata e mesmo assim você se mantém calmo, até sorrindo. Você nunca se irrita com a forma como os outros tratam você?
- Samir, não existem os outros.
Certa manhã, na casa de chá da medina, Samir viu entrar Khalil Al Naim, o Budista. Como costumava acontecer, um ou dois frequentadores lançaram um olhar de reprovação contra Khalil, que se sentou na mesa ao lado e pediu um chá gelado. Os homens não demoraram a se levantar e deixar a casa.
Quem não conhecia Khalil pensaria tratar-se de outro homem muçulmano qualquer, com roupas comuns, barba crescida e cabelos medianos. Mas na comunidade ele era conhecido como "o apóstata Khalil, adorador do deus Buddha".
Depois de alguns minutos ele percebeu que Samir, sentado à uma mesa próxima, o olhava meio incomodado.
- O que foi, homem? Se quer falar algo, fale! - disse Khalil.
- Não... Desculpe, Khalil. Eu só estava pensando por que às vezes quando você vem aqui, ou quando anda pela medina, alguém o destrata e mesmo assim você se mantém calmo, até sorrindo. Você nunca se irrita com a forma como os outros tratam você?
- Samir, não existem os outros.
quarta-feira, 9 de outubro de 2019
terça-feira, 24 de setembro de 2019
quinta-feira, 19 de setembro de 2019
sábado, 7 de setembro de 2019
domingo, 1 de setembro de 2019
quinta-feira, 11 de julho de 2019
quarta-feira, 10 de julho de 2019
segunda-feira, 20 de maio de 2019
terça-feira, 16 de abril de 2019
terça-feira, 9 de abril de 2019
Samir tem o defeito - ou a qualidade - de sempre falar a verdade.
Num dia desses, não faz muito tempo, Samir conversava na casa de chá com o Sheik, quando este lhe disse:
- Meu filho, você deveria ser mais agradecido pelas coisas que Allah lhe deu.
- Meu Sheik - respondeu Samir -, não se trata do que Allah me deu, mas do que ele ainda não me tirou...
Num dia desses, não faz muito tempo, Samir conversava na casa de chá com o Sheik, quando este lhe disse:
- Meu filho, você deveria ser mais agradecido pelas coisas que Allah lhe deu.
- Meu Sheik - respondeu Samir -, não se trata do que Allah me deu, mas do que ele ainda não me tirou...
sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019
terça-feira, 12 de fevereiro de 2019
sexta-feira, 25 de janeiro de 2019
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