quinta-feira, 6 de junho de 2013

Os Cinco Macacos

Um grupo de cientistas colocou cinco macacos numa jaula. Bem ao centro, havia uma escada e, sobre ela, um cacho de bananas. Quando um macaco subia na escada para pegar as bananas, um jato de água fria era acionado contra os que estavam no chão.
Depois de certo tempo, quando um macaco ia subir a escada, os outros o pegavam e enchiam de pancada. Com mais algum tempo, nenhum macaco subia mais a escada, apesar da tentação das bananas.
Então os cientistas substituíram um dos macacos por um novo. A primeira coisa que ele fez foi subir a escada, dela sendo retirado pelos outros, que o surraram. Depois de algumas surras, o novo integrante do grupo não subia mais a escada.
Um segundo macaco veterano foi substituído e o mesmo ocorreu, tendo o primeiro substituto participado com entusiasmo na surra ao novato.
Um terceiro foi trocado e o mesmo ocorreu.
Um quarto, e afinal o último dos veteranos foi substituído.
Os cientistas, então, ficaram com um grupo de cinco macacos que mesmo nunca tendo tomado um banho frio continuavam batendo naquele que tentasse pegar as bananas. Se fosse possível perguntar a algum deles por que eles batiam em quem tentasse subir a escada, com certeza a resposta seria:
- Não sei, mas as coisas sempre foram assim por aqui.

terça-feira, 23 de abril de 2013

Hoje, no caminho para o trabalho, vim com a cabeça cheia de inspiração para escrever. É estranho como o trabalho às vezes mata a inspiração.
Parece que no trabalho somos uma outra pessoa, que assume o corpo e rouba os pensamentos enquanto estamos em expediente.

segunda-feira, 15 de abril de 2013


Recitar, mentre preso dal delirio...

Eu vejo as pessoas vivendo seu cotidiano, algumas visivelmente aborrecidas, outras tristonhas, mas vivem, continuam seguindo a vida apesar dos desgostos. Acredito que a maioria dessas pessoas não espera muito mais da vida, ou pelo menos nada que saia do padrão do esperável. Eu passo por elas e recuso-me a me transformar em uma delas. Quero acreditar em um futuro mais feliz, confortável, em que a vida não seja apenas sobrevivência, não seja "apagar os incêndios que aparecem", à espera da próxima aflição.


quarta-feira, 10 de abril de 2013

Ontem Samir me disse que alguém, tentando animá-lo, falou:
- Alegre-se, Samir! A vida podia ser bem pior.
Por um instante Samir refletiu sobre aquilo...

...e logo se fez mais triste, porque percebeu que também a vida podia ser bem melhor.

terça-feira, 9 de abril de 2013

Estou preocupado com Samir. Samir é um homem bom. Até onde o conheço, nunca cometeu grandes deslizes na vida (apenas alguns forçados por sua natureza humana). Ele trabalha duro, esforça-se por fazer bem suas tarefas. Samir é pai de família. Preocupa-se com o futuro de sua família, e também com o presente. Samir quer ver todos confortáveis, felizes, mas a vida é difícil. Muito difícil.
Samir anda triste nos últimos tempos. Em sua alma sempre existiu uma mancha de tristeza, mesmo em seus momentos felizes. Mas ultimamente Samir pensa em morrer. Não que ele seja um maníaco suicida. Samir não pensa em se matar. Mas ele pensa às vezes que toda a responsabilidade pesa demais sobre seus ombros. E ele acha que ninguém percebe seu tormento íntimo.
Dizem as pessoas a Samir que ele deve se animar, que a vida é boa, é bonita, que ele deve aproveitá-la. Samir não entende onde as pessoas vêem a beleza da vida. Há beleza em se esforçar e só encontrar a frustração da falta de reconhecimento?

Samir se sente muito sozinho, às vezes, mesmo cercado de gente.

sábado, 6 de abril de 2013

Nas adversidades você conhece o melhor ou o pior de cada um.
Na adversidade tenho conhecido o pior de mim.

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Estive pensando que muitas vezes procuramos uma profissão que nos complete, que nos traga felicidade. Tentamos fazer com que nossa posição profissional reflita nossa personalidade.
Mas quantas pessoas conseguem isso? Quantas pessoas são capazes de pensar em suas vidas profissionais e dizer que estão satisfeitas?
Já tive alguns empregos, em áreas variadas, mas até hoje não me identifiquei com nenhum. E talvez seja para ser assim mesmo. Talvez o trabalho seja para garantir o sustento do corpo, somente, e não da alma.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Samir tem sido assolado ultimamente por um sopro de falta de fé que o fez partir em uma busca. Ele resolveu buscar Deus. Samir sabe que, se ele existir, está em todo lugar, mas quer buscá-lo em um lugar onde o possa ver. Tantas vezes Samir pediu a ele um sinal de sua existência, um indício de que não estava sozinho, de que suas orações não eram desperdiçadas ao vento. Nunca recebeu uma resposta. Por quê? Porque não há ninguém para responder ou porque ele não precisa provar sua existência?
À noite o medo da morte sempre é maior em Samir. Ele tem um medo muito grande de não haver nada depois da morte, de não haver alma ou um outro mundo. Ele esteve pensando que é nisso que todas as religiões se baseiam: no medo da morte, ou antes no medo de deixarmos de existir quando nossos corpos morrerem.
Samir quer acreditar em Deus e que tem uma alma eterna. Mas não consegue acreditar totalmente sem uma prova. Se pelo menos aqueles que morreram pudessem enviar uma mensagem inequívoca...

sábado, 4 de abril de 2009

Nas adversidades você conhece o melhor ou o pior de cada um.

domingo, 22 de março de 2009

Havia um sábio que vivia com seus discípulos de maneira errante, viajando sempre, aprendendo sobre a vida, o mundo e sobre si mesmo.
Certo dia, chovia muito forte, tão forte que a estrada de terra por onde andavam transformou-se em barro. A certa altura o grupo encontrou um carro atolado. Seu motorista estava ao lado, orando humildemente para que Deus retirasse o carro do atoleiro. O mestre então ordenou que todos começassem a orar também, pedindo a Deus que aquele homem devoto fosse salvo da tempestade.
Mais a frente encontraram um outro carro, também atolado, e seu motorista estava atrás, empurrando-o com todas as forças, coberto de barro, gritando as mais grosseiras imprecações. O mestre então ordenou que todos empurrassem o carro também. Em pouco tempo o carro estava livre, e o motorista, já mais calmo, agradeceu aos ascetas e seguiu seu caminho.
À noite, já abrigados da chuva, o grupo descansava e comia. O discípulo mais antigo, sempre mais confiante do que seus colegas, achegou-se ao mestre e perguntou-lhe:
- Mestre, não entendo por que no caso do homem devoto nós apenas oramos, e já no caso do homem grosseiro, que maldizia Deus, nós ajudamos a empurrar o carro.
- Meu jovem, – respondeu o sábio – estávamos a serviço de Deus naquela estrada. Deus não faz por nós o que ele nos deu capacidade para fazer; ele nos ajuda, segundo nossos méritos, naquilo que vai além de nossas habilidades. O primeiro homem orava, e o que devíamos fazer era ajudá-lo a orar ainda mais, porque era isso o que ele queria. O segundo empurrava o carro, e nossa tarefa era ajudá-lo a empurrar, porque esse foi o caminho que ele escolheu.

segunda-feira, 16 de março de 2009

Recentemente Samir esteve na Palestina visitando Al Quds, Jerusalém. Passeou longas horas por aquelas ruas antigas. Subiu o Moriah, e lá do alto, na magnífica Esplanada das Mesquitas, com a luz do sol fazendo brilhar a enorme cúpula de Omar, teve a impressão de que não estava em Jerusalém, mas num lugar fictício. As igrejas, as sinagogas, as mesquitas, tudo compunha uma única cidade. Não se falava mais árabe, hebraico, latim, grego, francês ou inglês; só havia o canto dos pássaros. E as pessoas lá embaixo, nas ruas tortas, entre o casario amarelado pelos séculos: quem distinguiria o judeu, o muçulmano, o cristão, o ateu?
Há pessoas que são tão pobres, mas tão pobres, que só têm dinheiro.

Pedro de Lara